10 maio, 2015

PHE em Portugal (outra vez)

 

Martín Guerra, s/t, 2014



 PHotoEspaña regressa a Portugal (com a latino-américa no bolso)

Durante os anos em que Sérgio Mah foi comissário geral do PHotoEspaña, o Museu Colecção Berardo, em Lisboa, acolheu sempre exposições relacionadas com este festival internacional de fotografia madrileno, que se tornou paragem obrigatória no roteiro europeu das artes visuais. Foi assim entre 2008 e 2010 e, depois disso, o silêncio. Agora, no segundo ano de direcção artística de María García Yelo, o festival volta a estender-se até Portugal com exposições no espaço Carpe Diem, em Lisboa, e na Fundação Dom Luís I/Centro Cultural de Cascais.

No dia 30 de Maio, data em que o Carpe Diem celebra seis anos, inaugura-se a colectiva Instantânea: Fotógrafos latino-americanos da colecção Carpe Diem, uma escolha da comissária Pilar Soler, que revisitará trabalhos de artistas daquele continente que nos últimos anos mantiveram algum tipo de contacto com o espaço instalado no Palácio Pombal, no Bairro Alto, em Lisboa. Serão mostradas obras de Albano Afonso, Marcio Vilela, Ding Musa, Martín Guerra, Mariano Rennella, Julia Kater, Paula Scamparini, Christina Meirelles e Helena Martins Costa. A diversidade das propostas criativas da fotografia latino-americana da actualidade será a pedra de toque da exposição. As imagens provêm da colecção de mais de 130 peças do Carpe Diem.

No Centro Cultural de Cascais, a 18 de Dezembro, será inaugurada uma retrospectiva de Nicolás Muller (1913-2000), fotógrafo judeu nascido na Hungria e naturalizado espanhol com um percurso ligado às imagens de denúncia e de reportagem social.

Muller (um fotógrafo praticamente desconhecido até há pouco tempo) sofreu com a exaltação nacionalista húngara nos tempos de ascensão do nazismo. Influenciado pela estética da Bauhaus e do construtivismo soviético, começou por mostrar as duras condições de vida e trabalho dos agricultores húngaros. Depois da divulgação de uma dessas reportagens onde revelava a condição quase feudal em que assentava a actividade agrícola no país, foi classificado como antipatriótico. Em 1938, vê-se obrigado a abandonar a sua terra natal, rumo a França. Com o estalar da II Guerra Mundial, em 1939, foge para Portugal, onde fotografa (no Porto e na Nazaré) com a mesma preocupação social a dureza do trabalho e as fracas condições de vida. É preso pela PIDE, que o solta com a condição de não regressar. Viaja então para Marrocos, onde conhece Fernando Vela, secretário do filósofo e intelectual espanhol Ortega y Gasset. Fixa-se em Espanha em 1947. Mas dentro deste país inicia uma vivência nómada através da qual traça uma longa panorâmica sobre a ruralidade. A exposição de Cascais propõe uma retrospectiva destas andanças, onde se incluirão imagens captadas em Portugal.



Ding Musa, Fronteira, 2012

1 comentário:

Alexandre Pomar disse...

De facto, a extensão a Lisboa começou com o Horacio Fernández em 2005 (ou ainda antes? Nesse ano houve uma exposição comum, «Empirismos», que se viu com escasso interesse no Palácio da Ajuda, onde perdeu o subtítulo que conserva o catálogo conjunto: «Novas linguagens documentais em Espanha e Portugal». Em Madrid, António Júlio Duarte e Augusto Alves da Silva (com João Tabarra) asseguraram presenças de relevo, ao lado de Jerónimo Álvarez e Juan Ugalde.

 
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